segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Selo - Capítulo 3

Alexander entra em combate com uma criatura poderosa. Talvez poderosa demais para suas habilidades. Mas alguns de seus espólios mostram-se bastante úteis.



Égide



Edward Khalembar estava em seus últimos momentos de vida, e o corpo de Serena, sua amada esposa, jazia caído aos seus pés. Morta. Desespero.

-Admito que você foi bem, guerreiro. Você e sua mulher deram bastante trabalho e, por causa da arrogância e fraqueza, seis caíram. Mas que isso fique bem claro, sua jornada termina aqui.

Edward sangrava por todas as frestas de sua armadura pesada. Seu escudo estava partido, inútil. Seu elmo rachado, fazia que a luz tocasse seu rosto. Sua espada, quebrada, quarenta centímetros de lâmina lhe sobrando. Talvez a Academia não o tivesse preparado para isso.

-Mas saiba, guerreiro - Disse o dono daquela pomposa voz, enquanto caminhava e sacava, com um gesto quase supérfluo, um sabre - seu nome é digno de fazer parte da minha história. Você será aquele que eu derrotei para atingir o poder. Sua esposa e você serão aqueles que tombaram em combate diante do ser mais poderoso do mundo. Deviam se orgulhar.

Orgulho.

Edward lembrou-se de seus dias na academia, de todo o treinamento, das conquistas, dos sacrifícios, da alegrias, das tristezas, das glórias e honras. Orgulho. Seu filho. Orgulho. Serena. Orgulho.

E que queimem a língua aqueles que duvidam da existência dos milagres, pois Edward Khalembar, naquela colina sob a chuva, performou um.

*****************************************************************************


O urro da criatura reverberou e fez o chão tremer sob a sola das botas de Alexander Khalembar. O guerreiro sentiu uma gota de suor gelado escorrer por sua nuca, descendo por suas costas e se perdendo entre inúmeras outras, geradas pelo peso e pelo calor da armadura. Adiantou-se um passo, cauteloso, o escudo frente ao corpo, a espada apoiada sobre o escudo, pronto para estocar.

A criatura investiu, com uma velocidade quase impossível de ser acompanhada. Suas garras tirando o primeiro sangue do combate, rasgando o ombro esquerdo do guerreiro. Khalembar tentou uma rápida resposta, brandindo a espada, mas cortou apenas o ar.

O gigante postou-se, curvado e grotesco, novamente à distância e, com um ar de satisfeita maldade, pôs-se a lamber o sangue em suas garras. Nojo. A criatura pareceu se deliciar com a prévia de seu banquete, e Alex soube que, se fosse derrotado, seria devorado.

Alex investiu, buscando estocar sua espada no ventre do gigante, mas não conseguiu perfurá-lo. Seu couro parecia ser tão resistente quanto uma grossa placa peitoral. Foi colhido em um golpe circular da criatura, sendo atingido no peito e arremessado talvez três metros para trás. Evitou a queda, mas não conseguiu manter o ar em seus pulmões. O gigante avançou, mirando sua cabeça como alvo.

Foi aí que aconteceu algo que Alex não esperava.

Respirou fundo. Duas vezes. O golpe ainda no ar, como que muito mais lento, como um ensaio de golpe. Alex enxergava o golpe como uma mímica, em lentidão. Levantou o escudo, tendo que esperar ainda mais dois ou três segundos para sentir o impacto. Um impacto bruto e forte, que quase o pregou no solo. E, como que num instante, o combate voltou à sua velocidade habitual. Alex não entendeu e não se preocupou com isso. Teria tempo depois, se sobrevivesse.

Aproveitou-se da curta distância entre os dois e estocou com a espada, seguindo um golpe com a borda do escudo. Novamente, Alex ficou surpreso com o resultado.

Sua estocada novamente foi repelida pelo couro do gigante. Mas seu golpe com o escudo, por outro lado, além de abrir uma ferida na criatura, arremessou-a para trás, como se a força de seu golpe tivesse sido tão grande quanto a força da própria criatura. Alexander, surpreso, mas pensando rápido, investiu novamente para a criatura, dessa vez golpeando com o escudo. Um, dois, três golpes com o escudo. A criatura urrava, sangrava e rodava, atordoada. Talvez sem entender como aquele pequeno cavaleiro comseguia tanta força.

O gigante caiu de joelhos, arfante, a bocarra aberta. Alexander aproveitou o momento e estocou com a espada, para cima, mirando o céu da boca do oponente. A lâmina trespassou pele e osso, indo se alojar em uma consistência esponjosa e gelatinosa. Um muco cinzento escorreu pela lâmina até a guarda. E o gigante tombou, morto.

Alex olhou para seu escudo, espantado. Tirou o elmo para poder respirar melhor. Olhou em volta, e fixou seu olhar em Michelle. Tinha vencido a batalha, e agora queria respostas.

Continua...
(Mas não neste blog!)

Nenhum comentário: