sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Maldição - Capítulo I

“Quero deixar claro que só estou protegendo você, para pôr fim à minha maldição. Nada mais.”
Ela sorriu. “Tudo bem. Ao fim dessa escura estrada que se estende à nossa frente, trocarei minha liberdade pela sua cura.”



Ele sabia que devia ser louco para confiar na palavra de uma bruxa. Então ele decidiu confiar não em suas palavras.
Mas em seus olhos.


Parecia um bom plano. Entregando uma bruxa que pertencia à sua tribo, ainda mais essa que parecia uma herdeira, eles talvez conseguissem uma trégua com a tribo bárbara.
Mas talvez fosse simplesmente mortos quando ela estivesse a salvo.
Parte do plano era tratá-la dignamente para que talvez, com sorte, ela dissesse que eram boas pessoas. Ela poderia chamá-los de idiotas também.

Essa é, enfim, a magia de se viver. Nunca saber onde cada passo o levará. Existe a esperança e a fé, mas nunca a certeza. Dessa forma, eles seguiam, considerados herois pelo seu povo. Eles também se consideravam herois. Ao menos possuíam a coragem dos herois das lendas.
Quem sabe se, com esse ato de boa vontade, a guerra se encerrasse?

Ao que parece, eles também possuíam a fé inabalável dos herois das lendas. E como isso é a vida, com todas suas incertezas, esses são os maiores tesouros que eles podem carregar.


A bruxa desejava falar. Eles a tratavam com respeito, mas não eram idiotas a ponto de deixar suas mão e bocas livres. O líder do grupo os parou.
Olhando nos olhos da bruxa, disse: “Vou retirar sua mordaça. Mas qualquer desconfiança que tenhamos que você esteja fazendo alguma magia, ele atirará em você.”
Ele, no caso, era o batedor e arqueiro do grupo. Alguns poderiam dizer que esses dois eram melhores amigos. Outros diziam apenas que eram companheiros. Mas eram grandes amigos, isso é certo. Tão certo quanto a vida permite.

Ela concordou balançando a cabeça.
Com cuidado, ele retirou a mordaça, enquanto seu batedor preparou uma flecha.

– O-obrigado. Posso ter um pouco de água? Minha garganta dói.
Água, então – ele disse, entregando o cantil a ela –. Mas você poderia ter apenas sinalizado. O que mais você tem em mente?
Ela terminou de matar sua sede primeiro. O guerreiro mais forte do grupo, Aedan, pensou em tomar o cantil de suas mãos, por questões de economia, mas decidiu seguir o plano inicial de tratá-la o melhor possível.
– Eu tenho um pedido.
Duvido que vamos gostar não é?, disse o batedor.
Me libertem. Não me levem de volta ao meu povo.

Eles se entreolharam.

– Veja bem, bruxa. - o líder normalmente tentava ser racional – Isso vai contra nosso plano inicial, concorda? Precisamos de você para oferecer a trégua. Explicamos isso a você.
Sim, eu sei. Mas... você não tem ideia... eles não vão me receber de volta... Aqueles de quem vocês me salvaram faziam parte da minha tribo.

Eles se entreolharam mais uma vez. Olharam de volta quando ela concluiu.

– Vocês estão escoltando uma condenada à morte.

E mais uma vez, a vida apareceu com algo inesperado.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sobre rivais

Ah... Nada como um rival pra incentivar qualquer que seja sua vontade.


Digo isso baseado em experiência própria. Segue um pouco da história:

Quando eu era MUITO moleque, eu já desenhava. Até gostava de escrever histórias (isso incentivado por Turma da Mônica e Homem-Aranha).
Mas meio que ficava no básico mesmo.

Na minha adolescência (na verdade com 9 anos), eu conheci meu Melhor Amigo (assim, mesmo, com maiúsculas), que, uau, desenhava e também escrevia. Ele inclusive me apresentou esse tal de RPG.
E poatz, como esse cara é talentoso. Que merda, já desenhava bem demais, escrevia histórias complexas; caracas, até a letra do cara é foda.
(Não sei como que tá a letra do cara agora que ele tá se formando médico, mas na época era foda).

E eu, na época sem declarar abertamente, comecei a praticar desenho, escrita e afins, almejando superar o cara.
(Só a letra que eu nunca nem tentei melhorar...)

E o engraçado é que, durante a adolescência, eu esperava possuir algum talento, qualquer um que me fizesse me destacar, como todo adolescente.
Durante a minha primeira e única aula de violão com um amigo (abraço, Dí!), eu me frustrei porque esperava/queria que eu dominasse aquela arte sem esforço. Enquanto remoía minha decepção, eu desenhava na última página do caderno.
Fui jogar basquete uma vez com um primo, esperando que eu conseguisse correr mais rápido e pular mais alto que todo mundo. É óbvio que, magrelo como sou, fui o mais prego do mundo.
E, enquanto pensava se devia ou não me tornar um emo depressivo (em uma época que isso nem existia), eu desenhava num bloco de folhas A4.

Durante todo o colégio, não importa o que acontecesse, eu sempre tirava um tempo pra desenhar, sem nem saber o porque disso (além do fato de gostar MUITO).

A faculdade veio e se foi, e eu continuava desenhando, indo de folhas A4 até pacotes e pacotes de A3 (que é maior que A4).

Só há pouquíssimo tempo meu rival e eu começamos a competir abertamente. E, vejam só, eu finalmente tinha chegado no nível dele.
(Assim, eu passo boa parte do meu tempo estudando a estrutura das histórias em quadrinhos e seus elementos, então em alguns pontos, como cenário e diagramação, eu o superei; mas no geral, o maldito talentoso continua anos-luz à minha frente, afinal, ele não ficou sem praticar durante esses anos todos).


E agora, meu nível de desenho não para de subir, tudo isso porque eu estou me dedicando como nunca, em busca de superar essa barreira. Se com isso eu conseguir ganhar algum concurso, ou conseguir uma vaga como ilustrador ou o que for, foi só porque havia uma pessoa que eu tentei superar com todas as minhas forças.

Mas e todos aquelas outras vontades? Possuo amigos que são MUITO bons em todas elas (abraço, Dí!), e são/seriam rivais em potenciais.
Mas, a princípio, pra mim, não há nenhum outro sonho ou hobby ou até mesmo vontade que supere a de desenhar e escrever.

Eu gosto muito de jogar Go, por exemplo, mas não como tenho esse sentimento de rivalidade com ninguém, não vem aquela vontade de melhorar mais e mais. Não além da vontade básica de sempre SE superar.

Mas se você se superar, você vai tirar onda com a cara de quem?



Pra terminar, alguns rivais das ficções!

Ryu x Ken (Street Fighter)
Esse tópico dá até briga pela internet;
Na minha humilde opinião, apesar de achar que o Ryu é o mais fodão, o Ken vence essa disputa. Afinal o Ryu dedica sua vida às artes marciais (caracas, ele dispensou a Chun Li, por ela “ser uma distração em potencial”), enquanto o Ken é um playboy que, no máximo, pratica de vez em quando. E os dois estão sempre em pé de igualdade.

Ok, o Ryu está um pouco na frente.


Legolas x Gimli (Senhor dos Aneis)
O elfo e o anão, membros da Irmandade do Anel (acho mais estiloso do que “Sociedade”), que se tornaram grandes amigos, apesar de toda aquela inimizade clássica das duas raças em RPG.
Além de grandes amigos, eles possuem uma rivalidade muito forte em batalha, sempre mantendo a contagem de quantos inimigos derrubaram.


Kyo Kusanagi x Iori Yagami (The King of Fighters)
Esses dois representam uma outra categoria de rivalidade: a inimizade declarada. Eles sempre tentam superar um ao outro, mas não há nenhum traço de amizade nessa relação. Acredito que eles não chegariam ao ponto de matar um ao outro, pois deve ser horrível, após tanto tempo, você perder um rival. Seria como perder um objetivo, uma meta.
Apesar de um constante risco de morrer te incentivar MUITO a melhorar sempre, acho que não seria muito recomendável. Mas aceito sugestões.


Falando em sugestões, você lembra de mais algum rival das ficções?

Abraços e até a próxima! (prometo que será mais em breve)

Ah! E, mais apropriado que nunca ao tema:
Benkyo, benkyo, benkyo!!!



Texto escrito ao som de Freedom Call, com a música Warriors.